quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Medo.

Eu tenho medo. 
A cada dia que passa, meu corpo muda, minha mente muda, meus olhos mudam. 
Tenho medo por mudar. Mudar de tal forma a não ser mais desejada. Mudar de tal forma a não ser mais querida. Mudar de tal forma a não ser mais eu mesma. 
Eu tenho medo. 
Tenho medo de seguir assim. Com fome de algo novo. 
 Engolir todo esse novo. E esquecer do que realmente é minha raíz. Esquecer de onde eu vim.
Eu tenho medo.
Medo de achar que terei mais medo por não ter sido verdadeira.
Medo por me arrepender, ou mesmo, encarar de frente e ter medo.
Eu sinto que meus anseios são sempre os mesmos. Minhas hesitações.
Eu sinto que as minhas falhas são, basicamente, baseadas nessas coisas. Nesses medos, hesitações, anseios.
Eu tenho medo.
Medo de falhar, de dizer o que não posso, de fazer o que eu quero e o que eu não quero. Tenho medo de viver.
Eu sou assim mesmo. Medrosa.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Olha.


Olha... O que aconteceu com a gente?
De repente o mundo girou
E ficou tudo diferente
Eu sinto isso, mas às vezes você nem sente
As coisas que acontecem não são vãs
Elas passam por nós, do nosso lado
Nos deixam angustiadas, mesmo se estamos sãs
O peso que isso tudo me traz
Talvez possa ser indiferente
O sentimento que vem à língua
Pode não ser o mesmo que vem à mente
Olha... O que acontece agora
É o que eu não consigo dizer.
Dizer que em alguma hora
Eu terei de me reentender.
Olha... O que acaba ficando, acima de tudo
É a simplicidade.
É o desejo de rir e chorar.
Mesmo se não estou com vontade
Olha... Ainda não é tarde
É até cedo demais
Pra saber que ninguém é igual
E que ninguém é anormal por não querer mais
Olha... Estamos todos no mesmo barco
Indo para o mesmo lugar
Só damos as mãos se quisermos, é claro.
Mas mesmo com receio, não custa tentar.

domingo, 14 de novembro de 2010

Uma parte de Miguel.

            Primeira aula. Ele entrou. Agiu naturalmente, deu suas aulas na mais perfeita calma. Deu-se, então o intervalo. Enquanto todos se dirigiam para a porta eu fingi que procurava alguma coisa em minha mochila e ele fingia que olhava alguns papéis. Levantei, após verificar se todos realmente já tinham saído da sala e fui falar com ele.
            -Tudo bem? – perguntei
            -Tudo. Melhor agora. – ele respondeu sorrindo
            -Pensei que fosse querer esquecer o que aconteceu.
            -Jamais.
            Sorrimos um para o outro e eu saí da sala com a cabeça transbordando em dúvidas.
            Na sexta daquela mesma semana mais uma vez tive que esperar meu pai até mais tarde na escola. Fui até a sala de professores e, como da outra vez, Miguel estava lá. Desta vez chovia muito e eu tinha de esperar. Até que o celular do papai tocou.
            Era de Petrópolis. Meu avô pedindo pro meu pai ir para lá.
            -Filha, vou ter que subir. – disse meu pai – Seu avô está preocupado com algumas coisas e eu vou ajudá-lo. Quanto a você, Miguel, pode passar lá em casa hoje à tarde pra pegar as provas e papéis que separei. Clarice vai estar em casa o dia todo, não vai? Então. Vou direto daqui, filha. Desculpe, mas você vai ter que ir de ônibus.
            Miguel nem se manifestou me dar uma carona e eu também não disse nada. Apenas dei tchau, levantei e fui embora.
            Quando já estava quase no ponto de ônibus, já molhada de chuva, Miguel chegou.
            -Estou sem carro hoje. Vou de ônibus também.
            -Vai no mesmo ônibus? – perguntei
            -Ué! É claro. Vou pra sua casa.
            Eu ri, mas fui o caminho todo sem dar uma palavra.
            Quando chegamos ao prédio já estávamos encharcados. Sugeri que ele subisse para se secar. Quando entramos fui logo tirando o tênis e pedi para que Miguel também tirasse os sapatos e ficasse a vontade. Ele pendurou sua pasta perto da porta e tirou mesmo os sapatos. Fui para o quarto, tirei a roupa e me enrolei numa toalha. Ao chegar à sala, ele me olhou surpreso. Eu disse:
            -Que foi professor? Quer tomar banho?
            -Não, não. Só me secar mesmo, mas pode ir primeiro.
            Eu ri:
            -Não, Miguel. Eu perguntei se quer tomar um banho comigo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Passageiro

Passageiro não é o que passa
Passageiro não é o que se foi
Passageiro pode ser o que te transforma
Sem nem ao menos lhe dizer um oi

O que é ser diferente
Num lugar onde há tanta diferença
Poder se tornar ímpar
Depende da sua mente, da sua crença.

Passageiro não é uma pessoa sentada
Não é uma pessoa em pé
Pode ser podre de rico
Ou um sertanejo podre de fé

Cada um por si, agora
Se não quiser ser mais um de nós
E nesse mundo afora,
Tudo é passageiro
Menos aqueles que conseguem deixar uma voz

Passageiro é tanta coisa
Passageiro, talvez, não seja nada
Passageiro é os que nos dá prazer
Ou nos toca de maneira intocada.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Frio

Ela vinha sentindo um frio constante. Não que isso atrapalhasse, mas já era quase verão.
Vez em quando se pegava quieta, num canto, pensando em algo pra fazer que pudesse distrair, ou, pelo menos, não deixasse que as palavras ruins viessem à cabeça. Palavras que ela nem sabia se eram verdadeiras.
Não tinha considerado mal o que lhe disseram. Não tinha preconceitos, mas preferiria ter ouvido tudo aquilo por outras bocas.
Mas,muitas dessas outras bocas já começaram a tagarelar coisas também não muito interessantes.
Engraçado como as pessoas começaram a enxergá-la de um modo mais maduro. Parecia que sempre tinha sido uma criança, que brincava, não tinha responsabilidades e que quando saía arrumadinha na rua sempre recebia o comentário clichê: "Que lindinha! Já está virando uma mocinha, não?".
Acho que, por algumas vezes, ela chegou a responder mentalmente:" Não.".
Agora, com suas novas responsabilidades, tudo mudou. Ficou melhor, talvez, pior. Não dá pra saber. É uma mulher, logo, uma incógnita.
E, essa incógnita ajudou a trazer o frio pra dentro de si.
Suas dúvidas, erros, acertos, vontades, desejos e anseios começaram a vir à tona em sua cabeça e o frio a dominou. Não era motivo pra chorar, mas para começar um desespero. Era motivo pra parar e pensar no que todos os sentimentos, mesmo que ruins, estavam lhe proporcionando. Era motivo para se aceitar e continuar com a cara no muro.
Não dava pra viver pensando assim. Era arriscar e poder sair ganhando, ou nada. Sua vida começou a se resumir assim. Não em desafios, mas em sacrifícios calorosos para que o frio pudesse ir embora rápido.

sábado, 23 de outubro de 2010

A menina das folhas secas.

O sol batia em meu rosto, naquela alaranjada tarde de outono. Aliviado de poder estar indo dormir, este, despediu-se de mim com um maravilhoso crepúsculo.
Naquele dia eu ainda não tinha visto a “menina das folhas secas”.
Assim eu a chamava, pois além de se divertir com as folhas que caíam das árvores plantadas na colina, eu não sabia seu nome.
Lembro-me dos seus gritinhos de alegria e dos cabelos castanhos, bem lisos, que passavam pelo seu rosto quando corria contra o vento.
Achei que já estava tarde e que deveria ir embora, pois a “menina das folhas secas”, não viria.
Era costume meu, ir todas as manhãs, comprar frutas e legumes frescos, afinal, papai já não era tão novo e precisava se cuidar.
Mais uma vez, o sol estava radiante. Um dos motivos para que eu voltasse à colina e visse novamente aquele entardecer cativante.
Quando cheguei em casa, vi papai se arrumando e logo estranhei.
-Bom dia, Giuseppe!
-Bom dia, querida. Já comprou as frutas e os legumes?
-Sim, papai, mas aonde o senhor vai?
-Visitar o túmulo de sua mãe.
Eu levei um susto, pois meu pai não visitava o túmulo da mamãe havia mais de um mês.
-O que deu no senhor?-perguntei.
-Nada, mas sua mãe já deve estar angustiada em não ver um homem.
Eu ri. Não tinha o que fazer. Só rir.
Já batia onze horas quando ele voltou com os olhos meio inchados. Eu sabia que tinha chorado, mas ele não deu o braço a torcer. Rapidamente aprontei o almoço e nós comemos.
Senti falta dos comentários de papai, pois sempre que almoçávamos juntos, ele contava algo engraçado que leu nos jornais, ou tinha visto na rua. Mas, quieta, continuei, pois não sabia o que havia acontecido. Imaginava que ele sentira falta da mamãe e que esta visita o deixara um pouco agoniado.
O entardecer se aproximava, e antes que Giuseppe me pedisse alguma coisa, resolvi sair.
Quando cheguei ao alto da colina, a “menina das folhas secas” já estava lá. Correndo, pulando, nas folhas e entretendo-se com o barulhinho que estas faziam, quando pisadas. Sempre sozinha, sem nenhum amigo para dividir sua alegria.
         E eu ficava ali. Perguntando-me porque uma menina tão alegre não tinha amigos. Ás vezes eu poderia estar tirando conclusões precipitadas sobre ela, mas eu nunca a tinha visto com ninguém. Nem ao menos com seus pais.
         Voltei a me concentrar no pôr-do-sol que mais uma vez me privilegiava com os raios quentes que batiam em meu rosto. Mas no fundo não parava de pensar no porque daquela “solidão”. O único jeito de descobrir era falando com a menina.
         Levantei e lentamente fui andando em direção a ela, que continuava entretida com as folhas. Quando estava perto, perguntei:
         -Olá! Como é seu nome?
         Ela ficou meio desconfiada, mas respondeu:
         -Sophia.
         -Não precisa ficar com medo. Eu sempre a vejo brincando aqui, mas... Por que você não traz amigos?
         -Eu não tenho amigos. As crianças da minha idade não gostam de brincar aqui, acham uma besteira. Mas você não falou seu nome ainda.
         -Pois é. Meu nome é Helena. Será que você se incomoda em sermos amigas?
         -Não, mas meus pais sempre falam pra eu não falar, nem andar com estranhos.
         -Mas eu não sou estranha. Eu já sei o seu nome e você o meu. E agora o que acha de tomar um sorvete?
         Os olhinhos de Sophia me olhavam com um certo ar de dúvida.
         -É melhor deixarmos pra amanhã. Já está ficando tarde e mamãe deve estar preocupada. -disse ela - Agora eu tenho que ir.
         Eu nem tinha terminado de falar e Sophia já tinha saído correndo. Mas com certeza ela viria brincar com as folhas secas no dia seguinte.
         Chegando em casa, papai encheu-me de perguntas:
         -Onde estava? O que estava fazendo? Com quem estava? Estava preocupado com você, Helena.
         -Calma. Fui só dar uma volta.
         -Não me diga que está namorando! Ai meu Deus! Lá se vai minha única filha, única companheira! Ai, ai...
         -Pai, não diga besteiras. Não estou namorando!
         Deixei-o sozinho suspirando e fui para a cozinha.
          A imagem de Sophia não saía da minha mente, além das perguntas que me atrapalhavam no que eu estava fazendo. Dormir foi difícil, mas acabei pegando no sono.
         Era sempre a mesma rotina de segunda á sábado. Acordar, me arrumar, comprar frutas, legumes e o jornal do papai. Chegar em casa, acordá-lo, preparar o café,...
         Os segundos demoravam a passar e eu não sabia mais o que fazer para passar o tempo. Já tinha lavado os legumes para o jantar, arrumado a casa, lavado as roupas de papai. E não tinha mais nada pra fazer. O jeito era levar Giuseppe para dar uma volta, não muito longa, e fazer passar o tempo.
         Por mais que fosse cansativo subir aquela colina a pé, a minha maior vontade era sair correndo e encontrar logo com Sophia. E lá estava ela. Mas desta vez não estava pulando nas folhas como costumava fazer, estava sentada no banquinho que eu costumava sentar. Achei estranho, mas fui em sua direção e sentei-me ao seu lado.
         -Por que não está brincando hoje?-perguntei.
         -Estava esperando alguém para tomar um sorvete comigo.
         Ela pegou minha mão e nós descemos a colina.
         Eu estava aflita para fazer todas as perguntas, mas se eu fizesse isso, Sophia iria se assustar, então achei melhor levá-la para dar uma volta.
         Esperei a hora certa e comecei:
         -Seus pais ficaram preocupados ontem?
         -Eu não tenho pais. Meu pai morreu na guerra e minha mãe morreu quando eu nasci.
         -Sinto muito. Deve ser doloroso pra você falar disso, desculpe.
         -Tudo bem, eu não ligo. Não os conheci mesmo.
         Nós demos outra volta no parque, então resolvemos voltar para a colina.
         Eu estava assustada com a reação de Sophia, pois apesar de não ter os pais, parecia ser uma menina alegre, que estava sempre brincando, mesmo que sozinha.
         Sentadas no banquinho, observávamos atentamente a cada detalhe do céu, conversando como se já nos conhecêssemos há muito tempo.
         -Você se assustou quando eu contei dos meus pais. – disse ela.
         -Desculpe mais uma vez Sophia. Eu só... Só...
         -Só?
         -Me espantei mais com a naturalidade com que você falou. Eu sei que é difícil não ter pais, eu não tenho mãe.
         -Eu tenho vergonha de dizer que não tenho pais. Só disse pra você, porque é minha amiga.
         -Vergonha?- me assustei de novo.
         -Algumas crianças quando descobrem que eu não tenho pai, nem mãe, ficam rindo da minha cara. E eu não gosto disso.
         -Então você mora com quem?
         -Com minhas tias. Elas me tratam bem apesar de serem um pouco rabugentas.
          -Escute, - disse eu- se as crianças te zombarem por causa do que aconteceu, você não deve ligar. Ainda são muito novos para entender o que a vida tem para lhes dar.
         Sorrindo, Sophia me abraçou.
         Levei-a para casa e lhe disse que voltaria no dia seguinte para vê-la. Ela concordou.
         Já estava indo dormir quando me lembrei da minha conversa com Sophia. Sentei na cama e desabei a chorar, só de pensar em como aquelas crianças não tinham noção do que fizeram.
Não gosto de pensar no fato de não ter um pai.
         Ainda bem que Giuseppe ainda está aqui.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Me perdi numa infinidade de olhos castanhos, gargalhei com os olhos vermelhos, apreciei os olhos verdes e fechei os olhos pra tentar acreditar que tudo o que está acontecendo é real.
Há meses eu não me sentia assim. Bem. Não totalmente satisfeita, mas bem... Me sentindo mais completa, me sentindo mais mulher, me sentindo mais amor.
Me disseram que a partir de agora eu teria mais um motivo pra escrever, mas eu acho que o amor não é pra ser posto em letras, e sim, em olhares e sorrisos.
O engraçado é que, quando alguma música mais "romantiquinha" começa a tocar, você logo se identifica e pensa: "Putz! É exatamente isso que está acontecendo.". E, curiosamente, tudo o que vai acontecendo contigo se torna menos pior. Se torna tudo mais fácil, mais leve.
Acho que o amor não é tudo isso que dizem, simplesmente, por aí... O amor é irredutivelmente apenas o amor. Natural, lindo, leve e monstruoso.
Você ri, chora, briga, confunde, ganha, perde, não entende e, mesmo assim, ainda se sente muito melhor.
Sim, eu estou amando. Acho até meio clichê escrever sobre isso nesse momento, mas como me disseram, a inspiração veio mais fácil.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Medida

Quero agarrar o vento
Sentir a chuva e o calor que sobe depois
Sentir mãos sobre o meu corpo
Lágrimas sobre a minha bochecha
Ver os dias cinzas e os coloridos
E poder desfrutar de cada minuto de cada um deles
Gritar ao mundo a minha pessoa
Mostrar-me com a alma completamente despida
Me abrir para diversidades
E mesmo quando não tenho respostas para o que eu quero
Procurarei me perguntar
O meu destino é ser assim
Não ter vergonha de me amar
Não ter medida pra ser o que eu sou

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Você

Eu quero você nos dias frios
Quero você nos dias quentes
Passar as mãos pelo teu rosto, teu corpo
Invada minha mente
Mergulhe nos meus braços,
Nade nos meus beijos
Decifro os seus olhares
Descubro os seus desejos
Aí, nós vamos delirar
Seu gosto ainda está na minha boca
Seu cheiro ainda está no meu travesseiro
E mesmo não estando aqui,
Nos meus pensamentos, você permanece inteiro.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mas de vez em quando até que é interessante e engraçado acordar e ver as pessoas dormindo, tão chapadas quanto você, muitas vezes, só com as roupas íntimas.
Pior que isso, é só olhar no espelho enquanto você faz xixi e ver sua cara de panda, toda borrada pelo lápis de olho e o rímel.
Daí, você vai até a sala, numa busca desesperada e cansativa pela sua bolsa, pra pegar um cigarro. Logo, chega outro ser, (que ressuscitou, assim como você), morrendo de fome. Louco por um biscoito recheado ou um hambúrguer. Loucos.
Vocês trocam meia dúzia de palavras e, mesmo que nunca tenham estado naquela casa antes (mas vocês conheceram o dono dela há cerca de 7 horas), abrem a geladeira e começam a futucar algo pra comer.
E sempre tem alguém que surge do nada correndo pro banheiro, numa puta duma ressaca, pra vomitar a vida.
A casa fede a cigarro e vodka. Tá todo mundo muito louco. Você tem que ir pra casa dar uma satisfação pros seus pais, mas mesmo assim você pára e pensa: “A vida que eu sempre quis!”.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eu me sinto diferente. É como se algo crescesse dentro de mim.
Não dá pra explicar o que é isso.
Parace que eu não posso ser tocada, parece que eu não sou vista, nem ouvida.
Não consigo dizer. Não é algo se se possa dizer, é algo que eu sinto, que eu prendo, que eu guardo só pra mim, como se isso fosse me fazer melhor. Mas não me faz.
Talvez eu só faça isso para que essa coisa não calhe a crescer dentro de ninguém.
Me encontro em uma espécie de desespero.
Acho que pra não ferir o que me rodeia, eu me firo um pouquinho mais a cada dia que passa.
Guardar todos os meus maus sentimentos pra mim está sendo uma indigestão, mas, se for necessário fazer isso pra não angustiar outra pessoa, ou outras, eu me angustio sozinha.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bons Tratos

O que te faz sentir menos menosprezado
Procura uma onda nova pra se libertar
O que te faz lembrar em um piscar de olhos
Joga conversa fora, pois não tem nada pra falar

Se você pensa que é normal, volte ao teu passado
E não tente reviver
Se você pensa que é assim, volte ao amanhã
E me diga se vai chover

Sonhando em seus sonhos, em sabotagens emocionais
Não tinha mais imagem, seus traços estavam desproporcionais
Fugia da sombra, e dos bons tratos anônimos
Que recebia ás vezes de seus supostos antônimos
Debaixo de cobertores listrados
Revirava-se sem sono
Logo vendo a qual ponto seu futuro seria insano

Suas realidades eram diferentes
De uma onda nova pra se libertar
O que me faz lembrar em um piscar de olhos
Que não existe carisma pra te cumprimentar

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Desculpa

Me desculpe
Mas não consigo deixar de ver
A cor do seu arrependimento
Me perdoe, então
Se não dá mais
Pra camuflar todo esse pensamento
Ouço de longe as coisas que fala
Sinto de longe o cheiro da sua mentira
Mente calado, mente olhando
E mente mais dizendo que não pira
Me desculpe
Se não dá pra esquecer
Todo aquele nojo que eu sinto
Perdoe-me, então
Se eu quero gritar
Acha que eu não sei de nada
Mas você não sabe um quinto
Sinto de longe o odor da sua falha
Ouço de longe as coisas que fala
Com coisas inúteis você retalha
O que eu não quis dizer
Me desculpe
Se eu não pude deixar de ver
A cor do seu arrependimento
Me perdoe, por favor
Se eu destruí aquilo que nós chamávamos de sentimento.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eu Vejo

Eu vejo as pessoas tentando implorar
Vejo crianças se pondo a chamar
Por alguém que respeite decisões
Pra todos aqueles que não querem sentir
Pra todos que não querem mais agir
Tentar mudar, agora, não faz mais mal
Frase tão irracional

Eu vejo as ruas cheias e vazias
Vejo humanos que não perdem suas manias
Por alguém que respeite uma ilusão
Pra todos aqueles que não aceitam um não
Que não querem dar a mão
Tentar mudar, agora, tudo o que é banal
Frase tão irracional

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Desejo

Ele morava longe, logo eles se comunicavam mais por cartas.
Poucas vezes conseguiam se encontrar, mas quando o via faíscas saíam de seus olhos. Era como se ele fosse o único ou o mais belo do mundo. Como se, realmente, não existisse mais ninguém em que ela pudesse pensar, ou desejar.
Não, não era isso tudo. Havia um desejo, sim. Mas, seu orgulho de jovem mulher a impedia de revelar todas as suas sensações.
Na verdade, acho que se ele estivesse disposto a compartilhar uma vida ao lado dela, ela abriria mão de muita coisa e iria ao encontro de seu... Seu... Homem. Não digo amado, por que ela não o ama. Não, ela não o ama. Nem ele a amava. Se amava, nunca admitiu ou, ao menos, demosntrou.
Em todas as cartas, ambos eram bem categóricos no que queriam. Eles se desejavam, sim, mas acho que era muma coisa mais carnal, mais de pele mesmo. Quem sabe isso mudasse, se eles passassem a se ver com mais frequência.
Ele era casado. Ela não se sentia mal por isso, não mesmo. Mas depois de parar pra pensar, viu que isso não a levaria a nada.
As cartas de resposta dele eram sempre mais secas que as dela. Eram sempre mais limpas, digamos assim. E, com isso, ele fazia a cabeça dela transbordar em dúvidas.
Continuar ou não? Ele quer ou não? Tinha sempre um "Ou não" depois. E isso acabava com ela, pois mesmo não o amando, o desejo era forte, a vontade de sentir o cheiro dele, de tocar suas costas era enorme. E além disso, tinha a saudade das noites que passavam juntos, trocando bobagens, olhando estrelas e outras coisas mais.
E assim, eles pararam de se ver.
As cartas continuaram por alguns meses, até o momento em que ela resolveu que não ia mais ser um objeto de desejo. Mudou sua vida. Ela tinha que ser O Desejo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Flores para uma flor."

Levantei-me da cama. Estava de sutiã e calcinha, pus apenas meu short e fui até a cozinha fazer um café.
Mais uma vez, ele saíra sem deixar nenhum bilhete, nem um beijo de "adeus, quando eu quiser dar umazinha eu te ligo."
Arrumei a cama, tomei um banho, me aprontei para o trabalho e, quando eu estava saindo de casa, vi que tinham flores em cima do sofá. Li o bilhete: "Flores para uma flor."
Porra, que brega. Homens são todos iguais.

sábado, 28 de agosto de 2010

Agonia dos Olhos Despidos

Essas coisas que a gente pensa

Coisas que não nos deixam em um caminho vago

E a gente resolve que não quer mais fugir

Parece que quando a gente olha ao redor

Tá tudo girando junto com a nossa cabeça

Essas coisas que se evaporam com o tempo

Coisas que nos ajudam a mudar

Mas quando a gente olha de novo

Já tá tudo parado, sincronizado

Sintetizado

Não há mais tempo pra discutir o que se tem de fazer

Não há mais tempo pra reduzir o erro que vai cometer

Essas coisas que nos envolvem

Vão crescendo e me absorvendo com o passar do tempo

Vão se emaranhando de tanto esperar

Mas quando a gente olha de novo

Já tá tudo imperfeito, de um jeito
Simplesmente inconsertável.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Passageiro

Passageiro não é o que passa


Passageiro não é o que se foi

Passageiro pode ser o que te transforma

Sem nem ao menos lhe dizer um oi

O que é ser diferente

Num lugar onde há tanta diferença

Poder se tornar ímpar

Depende da sua mente, da sua crença.

Passageiro não é uma pessoa sentada

Não é uma pessoa em pé

Pode ser podre de rico

Ou um sertanejo podre de fé

Cada um por si, agora

Se não quiser ser mais um de nós

E nesse mundo afora,

Tudo é passageiro

Menos aqueles que conseguem deixar uma voz

Passageiro é tanta coisa
Passageiro, talvez, não seja nada

Passageiro é os que nos dá prazer
Ou nos toca de maneira intocada.
Minha vida é uma merda. Ela sempre pensava.
Suas narinas, pulmões e mente estavam sucumbindo a cada cigarro e a cada problema que lhe aparecia.
Suas tentativas de ocupar o tempo era inúteis. Ao tentar sair de casa, viu que o tempo estava feio. Xingou meia dúzia de palavrões e foi assistir televisão.
Roía as unhas de novo, na esperança de que, ao menos elas, fossem lhe alimentar mesmo. Sua barriga estava cheia, mas sua alma não.